FLIP 2025: Entre Sambas, Dinossauros e Palavras Brincadas, Paraty Se Prepara para uma Edição Histórica
Faltando menos de dois meses para abrir as portas de sua 23ª edição, a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) intensifica os preparativos e começa a revelar os nomes que darão vida à programação deste ano. Entre as confirmações mais aguardadas está a presença de Nei Lopes, uma das maiores referências da cultura negra brasileira, cuja trajetória atravessa o samba, a literatura e o pensamento antirracista.
Autor de clássicos do samba como “Senhora Liberdade” e dono de uma produção literária com mais de vinte títulos, Nei Lopes carrega uma voz potente que transita com naturalidade entre a música popular e a reflexão crítica. Sua presença na programação principal da FLIP representa o reconhecimento de um legado artístico e intelectual que há décadas influencia gerações, ainda que, por vezes, sem a devida visibilidade nas grandes mídias culturais do país.
A curadoria da edição destaca a relevância de Nei Lopes como pensador e artista, ressaltando sua importância tanto para a cultura popular quanto para o avanço do debate sobre questões raciais no Brasil contemporâneo. A escolha dialoga diretamente com o espírito de resistência e celebração da diversidade que a FLIP tem consolidado ao longo dos anos.
Além de Nei Lopes, a lista de autores confirmados reforça o caráter internacional da festa. Escritores de países como Chile, México, Argentina, Suécia, Espanha e Itália marcarão presença ao lado de nomes brasileiros como Alice Ruiz, Caetano Galindo, Giovana Madalosso, Lilia Guerra, Lilian Sais e Sérgio Vaz. Nesta edição, o homenageado central será o poeta paranaense Paulo Leminski, figura icônica da poesia marginal e da experimentação literária.
Literatura como Espelho e Janela: A Emoção nas Escolas de Paraty
Enquanto os nomes da programação principal ganham destaque, a FLIP também reafirma seu compromisso com a formação de novos leitores por meio das ações do Educativo Flip. Na biblioteca do Colégio Estadual Engenheiro Mario Moura Brasil do Amaral (CEMBRA), uma série de oficinas com livros ilustrados emocionou estudantes do Curso Normal. Durante quatro encontros conduzidos por Helô Pacheco, os alunos foram convidados a mergulhar nas camadas simbólicas e afetivas das histórias.
Livros como “Meu Pequenino”, que aborda a delicada relação entre mãe e filho e o tema da despedida, provocaram lágrimas e reflexões profundas. Frases como a de Laura, uma das participantes – “Esperamos nove meses para ver o nosso rosto e não temos tempo de ouvi-los” – mostram o impacto da experiência. O projeto reforçou a força das histórias como instrumentos de empatia e transformação, ampliando o repertório dos futuros educadores.
Flipinha 2025: Ciência, Brincadeira e a Voz da Terra
Na programação infantojuvenil, a Flipinha também começa a ganhar forma. Dois convidados já estão confirmados: Luiz Eduardo Anelli, biólogo e paleontólogo que encanta crianças e jovens com livros sobre dinossauros e arqueologia, e Chico dos Bonecos, mestre das brincadeiras de palavras, trava-línguas e jogos poéticos.
Anelli retorna à FLIP após uma participação marcante no Educativo Flip, trazendo a pré-história para o centro da curiosidade infantil. Já Chico dos Bonecos chega com sua missão de espalhar a ludicidade e o afeto por meio das chamadas “palavras brincadas”, em perfeita sintonia com o tema desta edição: “Planeta Vivo”.
A proposta da Flipinha para este ano é clara: escutar a natureza, a ciência e os saberes humanos desde a infância, convidando cada criança a ser uma pequena exploradora da vida, da arte e das histórias.
Com tantas camadas de significado, diversidade de vozes e propostas educativas, a FLIP 2025 promete ser mais que uma festa literária: será um verdadeiro encontro de mundos, memórias e futuros possíveis.